A normal day 1 - PT version -

UM DIA NORMAL:

Passam das 5 da manhã quando os galos começam a gritar alto numa pequena propriedade próximo de onde estamos. Ikiro nem se mexe, teve um sábado pesado, andamos cerca de 600 km aquele dia. Eu estava igualmente cansado, mas não quanto meu fiel companheiro de viagem. Andamos sem rumo, não temos hora de saída ou chegada.

A noite foi muito fria a ponto de deixar os largos campos brancos. Ikiro dormiu do seu jeito, formando um círculo com o corpo. Eu fiquei no centro desse círculo, e acabei usando os pêlos da extremidade da cauda como cobertor. O frio não chegou a me incomodar, embora o chão tenha ficado bastante gelado.

Eu já estava acordado a algum tempo quando Ikiro acordou. Me surpreende como ele se levanta quase que imediatamente, sem cerimônia e sem demonstrar cansaço. Ikiro, independente da hora, está sempre disposto.

Uma vez acordado, montei e fomos saindo devagar do aglomerado de árvores, tudo para não levantar suspeitas das pessoas distraídas tirando leite das vacas na fazenda. Manter  a discrição era uma de nossas marcas. Não queríamos surpreender ninguém.

Ikiro voa tranquilo, com suavidade. Não estamos com pressa, então mantemos uma velocidade razoável para não se desgatar muito, afinal, estávamos atrás do nosso café.

Algumas torres de uma linha de alta tensão despontam no horizonte reto, indicando onde deveremos parar. Ikiro precisa de uma recarga periódica, pois ele usa cargas elétricas para se defender. Originalmente, dragões do tipo dele nasciam com uma pedra própria para isso, que na verdade era um cristal piezoelétrico que produzia eletricidade quando pressionado.

Pousamos dentro do pátio da subestação vazia, ninguém a quilômetros de distância. Os ruídos de efeito corona dos fios e isoladores entregam a alta tensão que circula pelo lugar, algo em torno de 350 Kv. O horário é o ideal, o consumo de energia está baixo, o que possibilita a intervenção sem o risco de desligar os equipamentos como relés, reguladores de tensão e transformadores.