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The history of Jake cap 15 ptbr

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Capítulo 15- Um conflito inesperado



Passavam das 9 da manhã quando Jake se dirigiu à Arkani e pediu que ele se encostasse na parede da casa para retirar a medida da porta necessária para que o Dragão pudesse entrar na residência com facilidade;
-Encoste mais ali... está bom assim.
Apesar de já ser um Dragão adulto e bem longo, Arkani é bem estreito. A largura maior, descontando as asas, não chega a 2 metros, mesmo com 10 de comprimento. É característico do Dragão ideal uma cauda longa para estabilizar o voo, e uma seção corporal estreita para cortar o ar com menos resistência.
-Bem, uma porta de 3 metros de altura por 2,5 de largura bastará. Vá no marceneiro com estas medidas e peça para ele fazer com dois trincos.
-Ok!
Arkani estava nitidamente feliz por ficar mais próximo de Jake. Não há muito o que falar sobre o relacionamento entre eles, beira a perfeição.
Ana levou uma planilha com os requerimentos e medidas para um marceneiro, que achou estranhas as medidas da porta;
-Precisa desse tamanho todo? É uma porta de garagem?
-Não. É só uma porta comum!
-Humm... Verei o que posso fazer. Apareça aqui dentro de 2 dias.
-Tudo bem.
Ana evitou falar sobre o Dragão, pois não poderia estimar o pânico que geraria na localidade se as pessoas comuns descobrissem que há um Dragão circulando na área e ninguém fez nada.
Voltando à casa de Jake, Arkani o convida para um passeio. O rapaz aceita, mas pede que seja apenas um voo rápido, pois está ocupado com as modificações que terá que fazer na casa. O Dragão tenta desfazer o pedido no intuito de não atrapalhar, mas Jake fala que não há problemas:
-Tudo bem Arkani! É muito bom para você fazer exercitar a musculatura.
Os dois rapidamente levantam voo em direção à talude de um planalto que acaba nos fundos da propriedade. O dia está com ótimas condições de visibilidade e vento calmo.
Eles passam sem querer sobre um acampamento que estava oculto pelas copas das árvores, mas prosseguem tranquilamente acreditando não terem sido notados. Entretanto, um rapaz que estava buscando lenha acabou avistando-os de relance. Um homem ficou pálido com a imagem do Dragão fixada em sua mente, e imediatamente correu até o acampamento principal para avisar os outros:
-Há um Dragão aqui!
-Do que você está falando? Bebeu?
-É verdade! Acreditem em mim! Eu vi!
Um burburinho rolou no grupo enquanto o homem estava repetindo que viu o Dragão. O líder do grupo chegou a ameaçá-lo, mas acabou decepcionado ao ver Arkani voando ao sul em alta velocidade;
-Que porra é essa?
-Eu disse que era verdade e ninguém acreditou em mim!
O grupo inteiro empalideceu, e muitas pessoas correram para dentro de suas barracas amedrontadas;
-Precisamos tirar esse bicho de circulação antes que alguém morra. Magal, pegue as espingardas. E Thomas, ache as flechas.
Arkani e Jake não tinham a menor ideia de que se tornaram alvo de uma perigosa caçada. Os homens se distribuíram pelas matas, cercando o perímetro coberto pelo Dragão.
De repente um tiro é ouvido e a mão de Jake fica suja de sangue. Ele sente uma forte dor:
-Hei, o que está acontecendo Jake! Você está ferido....
Numa fração de segundo uma flecha acerta o pescoço de Arkani. Uma forte dor é sentida pelo Dragão, mas a flecha não chegou a afundar muito e acaba caindo.
Ainda desnorteados, Arkani e Jake tentam o caminho mais lógico para fugir, mas outro tiro é disparado. Jake ouve um grito forte de Arkani, que se desequilibra e quase perde o controle. Arkani fora acertado quase no meio do peito por um tiro de espingarda, mas dessa vez os ferimentos foram mais severos:
-Precisamos sair daqui ou morreremos!
Em um momento de estresse e fúria, os chifres de Arkani emitem uma forte luz roxa e dois grandes arcos elétricos atingem em cheio os homens lá embaixo, pulverizando-os quase que instantaneamente. Um forte trovão é gerado, mas os homens não desistem.
Uma flecha atinge Arkani por baixo do pescoço, penetrando cerca de trinta centímetros. Uma dor lancinante faz o Dragão gritar, mas Jake consegue arrancar a flecha em um ato arriscado.
Os chifres de Arkani brilham novamente, e um novo e poderoso raio despenca nos outros homens. A descarga extraordinária mata todos eles, e o fogo gerado pela descarga incinera os restos mortais. Um pequeno incêndio inicia-se, mas logo é detido.
Abalado, Jake pergunta se Arkani tem forças para chegar em casa ao menos;
-Planando... acho... que......sim. Acho..que..vo..ou..mo..morrer...
-Não desista! Ainda posso salva sua vida e é isso que farei! Força Dragão, não morra!
Usando suas últimas energias, Arkani mantém as asas abertas e consegue planar até a casa de Jake.
Nenhum homem sobreviveu aos ataques de Arkani, o que pelo menos destruiu as provas materiais e evitou que o dragão sofresse ferimentos mais graves.
Ao descer, Jake estava em um choro compulsivo, quase em estado de choque. Ele empalideceu ao ver que a pele do peito do Dragão fora arrancada pelos tiros de espingarda. Um osso chegou a ficar exposto, e sangue escorria de forma abundante, formando uma macabra poça.
Jake entrou como um foguete dentro da casa em busca do seu kit de primeiros socorros. Assim que o acha, corre para curar os ferimentos de Arkani, que está cambaleando. Com um olhar amigável, Jake pede que ele fique de lado para evitar a queda e para facilitar a colocação dos curativos.
Milagrosamente os ferimentos na mão de Jake se limitavam a um corte raso proporcionado por uma bala que o pegou de raspão. Ele rapidamente sedou o local, parando o sangramento. O caso de Arkani era mais complexo; havia ferimentos desde o pescoço, passando por baixo do quadril até a cauda. Os chumbos das espingardas foram retirados após a aplicação de anestesia, e os cortes mais profundos cobertos com um creme especial e costurados.
Arkani estava em estado de choque. Nunca usou suas habilidades para matar, e as baixas dos caçadores o deixaram com vergonha de si próprio:
-Como eu pude matar alguém? Que tipo de Dragão eu sou!
Jake tentou acalmá-lo, explicando que nesse caso uma reação foi necessária:
-Você fez o que era correto. Não poderia ficar parado enquanto eles tentavam te matar. Estou muito orgulhoso de você, agiu de uma forma que os Dragões mais conceituados elogiariam. Você salvou minha vida e fez o que deveria. Não se arrependa, isso faz parte da regra da sobrevivência.
O Dragão se acalma com os conselhos de Jake, mas é uma mágoa que ele levará por muito tempo.
Ana entra no portão e também fica horrorizada com o que vê. Jake explica que já está tudo bem.
Um anúncio no rádio já dá conta de um acontecimento estranho próximo da casa de Jake, mas não há testemunha ocular do que aconteceu, e o fato acaba caindo no esquecimento.
Jake volta a trabalhar na porta, mas num ritmo mais lento por causa da sua mão ferida. Ana o auxilia nas tarefas mais pesadas, e ele acaba atingindo a meta de fazer o buraco na parede.
O rapaz usa um amontoado de cobertores velhos para fazer uma espécie de almofada. Ela é oval e tem quase 5 metros de diâmetro, o suficiente para Arkani se acomodar confortavelmente.
Ele adapta uma cortina de ferro para fechar o buraco na parede enquanto a porta não fica pronta. Arkani consegue passar na abertura sem maiores complicações, e se acomoda na almofada:
-O que você achou?
-Ficou muito bom Jake. Obrigado por isso.
-De nada.
Arkani passará a maior parte do tempo dentro do quarto se recuperando do ataque, enquanto Jake observa a evolução dele.
Jake gostou do bafo quente do Dragão, que sai em tal quantidade que mantém o ambiente aquecido. Dormiu boa parte do tempo junto de Arkani, apesar dos apelos de Ana para que ele volte para a cama junto dela. Ela acabou concordando, uma vez que com a cama livre poderia trazer seus livros e lê-los em paz.
Ela até deixou Jake levar travesseiro e tudo para se aninhar melhor junto de Arkani. A proximidade de Jake o fortalecia cada vez mais, ajudando a curar seus machucados mais rápido.
Após dois dias, o marceneiro enfim acabou a porta, e Jake a instalou no local pretendido. Uma trinca especial com sensor óptico foi adaptada para que Arkani possa abrir a porta com a mandíbula, uma vez que ele não pode ficar apoiado apenas nas patas traseiras.
Arkani agora contava com o direito básico de se deitar e descansar em um local adequado. Jake ficava observando a mecânica corporal do Dragão o tempo todo, conseguindo ver as diferenças na disposição da musculatura e imaginando sua grande força.
Apesar de ainda ser útil para Ana, o tradutor de gestos de Jake já havia perdido sua utilidade há tempos. Arkani se comunicava melhor telepaticamente, então não haveria justificativa de continuar com aquela cinta extra.
Todo ser humano tem capacidade de se comunicar telepaticamente, mas a maioria não tem a sensibilidade e concentração necessários para tal. A melhor forma de aprender a usar a telepatia é com um Dragão, pois é o único ser que compreende o seu funcionamento e uso correto.
Outras espécies, entre elas o homem, fariam um uso incoerente dessa capacidade, ferindo a privacidade das pessoas. Arkani tem o grau de evolução moral e ética que lhe permite o livre uso, pois o que as outras pessoas pensam não lhe interessa. Jake não tem o nível evolucionário necessário, mas está muito próximo, o que facilitou o aprendizado.
Jake então resolveu remover o equipamento e usá-lo apenas na apresentação do seminário para que as outras pessoas possam entender o que o Dragão está falando.
Passados dois dias, Arkani está com todos os ferimentos curados, e algumas cicatrizes inclusive desapareceram. Jake está gostando de dormir ao lado do Dragão tendo em vista a economia na conta de energia elétrica, pois a respiração do animal sai quente e em quantidade suficiente para elevar a temperatura do ambiente até um patamar adequado. Ana fica em dúvidas com relação ao bafo, pois, surpreendentemente, Arkani não tem mau hálito, fruto da sua dieta quase sem carne.
Arkani por vezes dorme com a asa quase totalmente aberta nos dias mais frios, cobrindo Jake e Ana ao mesmo tempo que aquece o ambiente. A região é muito fria, e manter o aquecedor ligado gasta muita energia.
Apesar de ser suficiente, a comunicação telepática não é prática para humanos. As mentes dos mais fracos são fechadas e a pessoa não consegue pensar em outras coisas.
Arkani, como todo Dragão, pode aprender coisas muito além dos seres humanos, mas nunca fora ensinado a falar. Os dragões se comunicavam por telepatia, que permite uma comunicação a longa distância quase instantânea, sendo útil para a emissão de alertas. A comunicação vocal era ineficiente e não tinha privacidade alguma, além de ter um alcance curto demais.
As cordas vocais dos Dragões são quase iguais à dos seres humanos, mas é necessário treinamento para que o animal emita as frequências de voz.
Jake não se preocupa em agilizar isso, pois suas lições já alteraram parte da personalidade de Arkani, que terá que ser treinado novamente para agir igual a um Dragão selvagem.
Faltando menos de um mês para a apresentação, Jake termina todos os trabalhos necessários e deixa as planilhas devidamente organizadas. É reconfortante acabar toda uma pesquisa antes do prazo, o que lhe dá espaço para elaborar mentalmente como será a apresentação.
A logística será bastante simplificada, pois Arkani cobrirá os 400 quilômetros voando. Ana irá de carro, carregando o material a ser apresentado.
De forma unânime, Jake decide ficar com o dragão até que algum deles faleça.  Mais do que um sonho realizado, é uma meta de vida atingida.
De outra forma, Arkani e Jake estão tão unidos que provavelmente nunca se separarão. Ana sabe que o laço de amizade que Jake tem com o Dragão é maior que o com ela, mas é compreensiva.
Ela também não quer largá-lo, e gosta do dragão, mas num nível socialmente mais aceitável.
Jake ainda voa com restrição e não conseguiu fazer do jeito desejado. As pessoas do vilarejo sabem que há um Dragão ali, só não denunciam por medo de retaliações. Os sentimentos opostos se anulam, e a situação fica muito tranquila.
Arkani terá medo da cidade por causa dos problemas rotineiros de poluição, saturação e incredibilidade. Jake, entretanto, o conforta com sua presença e personalidade fortes.
Arkani sente que falta alguma coisa, mas não sabe o quê. É um Dragão solitário pela situação, embora o apoio de Jake cubra boa parte das necessidades. Se houvesse outro dragão, talvez sua vida fosse melhor. Alguém com o mesmo sangue e que compartilhe o mesmo objetivo:
-Jake, acho que estou me sentindo solitário.
-Eu entendo. Nenhum humano poderá substituir um Dragão nesse caso.
-Você me dá o apoio necessário Jake, mas falta aquele igual a mim...
Um estalo na cabeça de Jake o levou a pensar na possibilidade de criar um robô, mas a ideia se dissipou rapidamente:
-Não posso dar uma coisa artificial para ele, por mais perfeito que fosse.
Jake conta para Ana o que está passando na mente do Dragão, e ela já detecta o problema:
-Jake, sabe quando a gente é jovem?
-Sim, por quê?
-Qual é uma das coisas mais desejadas pelos adolescentes?
-Bem, cursar uma boa faculdade, ganhar um bom salário....
-Esqueceu que eles gostam de namorar Jake. Foi assim com a gente. Arkani está precisando de uma companhia íntima, de uma namorada!
-Mas não há saída. Não tenho esperanças que haja mais Dragões vivos a essa altura do campeonato...
-Sim, mas podem haver. Nunca se descarta a possibilidade. Jamais pensei em encontrar o homem dos meus sonhos dentro do meu colégio, mas você estava lá!
-Bem, as possibilidades são bem remotas, mas vou tentar.
Jake tem um equipamento capaz de detectar os eflúvios que um Dragão emana, mas o aparato não é muito preciso. Existe uma margem de erro de 440 quilômetros, o que é procurar uma agulha no oceano.
Mesmo assim ele conta a notícia a Arkani, que muda de humor e sorri abertamente.
Os eflúvios emanados por um Dragão podem atingir uma área de até 5 mil quilômetros em todas as direções, inclusive para baixo da terra, pois as frequências baixas criam enormes comprimentos de onda e radiação penetrante. Arkani terá que ser engaiolado para evitar que suas emissões afetem a precisão do aparelho.
Jake detecta vários pontos emissores dessas ondas, mas nada que se pareça com um Dragão. Um ajuste mais acurado dos potenciômetros revela uma criatura no mesmo vale de onde Arkani veio, mas não é possível mensurar seu tamanho:
-Encontrei algo no vale de Arkani. Vamos verificar agora do que se trata. Ana, fique aqui cuidando dos aparelhos e passando coordenadas. Eu e Arkani partiremos.
-Deixa eu ir também!
Após pensar um pouco, Jake decidiu permitir a companhia de Ana. Ele anotou as coordenadas e definiu uma matriz de distâncias e coordenadas, observando um perímetro de 50 km.
-Seria outro Dragão? Então eu não estou sozinho?
-Não sei Arkani. Este aparelho pode detectar emissores de pulsos de ondas longas, e até cardumes elétricos podem enganar o aparelho. Mas está fora d'água, e isso chama atenção.
Arkani caminha ansioso enquanto Jake e Ana se posicionam no seu dorso. Seria possível a existência de outro Dragão?
Eles rapidamente erguem voo em direção ao vale. Arkani conhece bem o caminho, e Jake orienta-o, seguindo as coordenadas dadas pela instrumentação.
As condições do clima começam a mudar, mas Arkani aumenta o ritmo de voo, o que gera protestos por parte de Ana:
-Mais calma! Estou quase caindo aqui!
-Tudo bem Arkani, mantenha a velocidade!
-Você enlouqueceu Jake!
-Ana, se diminuir o ritmo vamos pegar chuva, e você sabe como ficam seus cabelos molhados...
Ana acomoda-se nas confortáveis asas do Dragão, procurando a posição mais firme e onde não pegue muito vento. Arkani prossegue, ignorando o forte vento lateral gerado pela formação de uma célula de tempestade mais ao sul. Jake liga o radar meteorológico e constata altos níveis de refletividade.
A célula fica para trás em pouco tempo. Agora o céu está limpo.
Ana e Jake conversam durante o percurso, mas Arkani não tem interesse na conversa e prossegue pensativo e esperançoso em encontrar outro Dragão. Claro que não será muito fácil e as possibilidades são mínimas, mas os sinais captados por Jake são sentidos por ele cada vez mais. Os Dragões são muito sensíveis para detectar a presença do outro, e tal senso ainda não está bem desenvolvido em Arkani. Quando estiver, poderá localizar os outros com precisão.
É interessante que o outro Dragão seja uma fêmea, permitindo que Arkani procrie e restabeleça a espécie. Mas nada está confirmado. As limitações sensitivas de Arkani e a tecnologia pouco evoluída de Jake inibem previsões precisas, portanto apenas observações in loco vão dar um parecer final.
Part 15.
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