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The history of Jake cap 9 ptbr

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Capítulo 9- O primeiro voo



-Ah que tédio! Acredita que eu não tive nada para fazer hoje? Absolutamente nada, e isso é algo que não ocorria há vários anos. Tem ideia de algo mais interessante?
O Dragão levantou as grandes asas e acenou para os ombros, além de apresentar um certo brilho nos olhos muito convidativo:
-Quer que eu o monte?
Após responder com um aceno positivo, Jake prontamente pegou seu caderno e começou a fazer anotações. A surpresa maior é que na verdade o Dragão o convidara para voar, e, uma vez com Jake acima do seu ombro, alçou voo imediatamente:
-Incrível! Por essa eu não esperava! Melhor me segurar bem enquanto anoto.
O Dragão voava bem devagar, pois Jake não tinha muitas opções para se segurar a não ser agarrar aos cabelos do Dragão. Jake tomava nota de tudo que via e sentia para depois transformar as sensações em dados científicos. Achou interessante o aumento crescente da altitude, devidamente registrado por um aplicativo GPS do seu celular:
-É muito linear. Estamos num ângulo de 45º e mantendo a velocidade constante com um mínimo movimento das asas. Esperava que fosse logarítmico, com variações de 10 ou 20 metros.
O Dragão subia sem parar. 600 metros, 1000 metros, 2000 metros, e mantendo a velocidade constante a cerca de 130 quilômetros por hora. Ao chegar aos 3600 metros Jake alertou para o excesso de altitude:
-Não podemos ir muito longe! A temperatura vai cair e o ar vai ficar pesado. Precisamos descer.
O Dragão imediatamente começou a reduzir sua inclinação até atingir o zero perfeito e começou a mergulhar, aumentando sua velocidade e mantendo um ângulo de 45° constantes. Aquela altura já se podia ver e tocar algumas muitas nuvens, com exceção dos cúmulos-nimbos que se projetavam a quase 20 km de altura e lançavam várias descargas elétricas:
-Parece que temos uma tempestade se aproximando. E vá mais devagar!
Jake nunca havia atingido uma velocidade tão alta. Estavam a mais de 300 quilômetros por hora e mesmo assim o impacto do vento era mínimo, já que as formas aerodinâmicas do Dragão criavam um vácuo parcial logo acima da cabeça. O chão ia chegando e Jake notava que as penas inclinavam- se verticalmente, agindo como freios aerodinâmicos.
Após uma grande redução de velocidade o Dragão foi reduzindo seu ângulo gradativamente até chegar a zero. Inclinou novamente em 30°, esticou e virou as asas verticalmente de contra a corrente de ar para então pousar perfeitamente:
-Bem melhor que o outro pouso. Acho que Ana já chegou em casa.
Jake desceu do Dragão muito feliz com seu primeiro e radical voo. Era uma experiência que queria repetir sem impor limites de velocidade, o que liberaria uma bomba de adrenalina no seu sangue.
Ana realmente havia chegado do trabalho, mas estava visivelmente acabada:
-O que houve?
-Ah, aquele meu chefe me forçando a trabalhar além do que eu posso! Como se não bastasse me levou ao ridículo durante uma sessão da ouvidoria. Isso me deixou de muito mau humor.
Jake, mostrando um ar de total compreensão, aproximou-se de Ana para dar um exemplo de assédio trabalhista bem pior:
-Ana, se lembra do Arkani, aquele ser engraçado que eu descobri nas cadeias montanhosas do norte?
-Sim, sim! Não esqueceria aquela gracinha segurando um pêndulo para hipnotizar tudo....
-Pois bem. O Arkani foi uma das criaturas que mais se identificava comigo. Eu gostava dele e ele gostava de mim ao quadrado. Quem olhava para aquela cara não notava que ele havia passado por muitas complicações durante a sua vida. As pessoas pegavam ele e faziam mau uso da sua habilidade. Foi acusado de fazer bruxaria e quase foi morto. Mesmo assim ele se mantinha sempre sorridente, aconteça o que acontecer, um dos lemas de Arkani era manter a cabeça no lugar e aceitar as coisas com naturalidade, mas não se acomodar.
-Mas ele lidava com seus problemas e não tinha um chefe para encher o saco!
-Mas Arkani se superou e superou a crença, conseguindo enfim levar uma vida tranquila e até a ajudar outras pessoas com seu exemplo. Para mim ele é um vitorioso, só espero que isso possa servir de estímulo para você pensar bem que os problemas de trabalho também podem ser encarados com naturalidade. O Dragão que aqui está enfrentou situação semelhante, mas se impôs diante dos problemas usando a sua coragem, que era uma coisa que Arkani não tinha. Não é necessário um esforço extraordinário para isso, basta querer. Se esta comarca não está te agradando, peça para ser transferida para a da cidade ao lado, ou então desenvolva as habilidades de Arkani e do Dragão.
-Mas eles são animais e não tem que cumprir horários....
-A lógica vale até para os mais ocupados do mundo. A gravidade, a dor e a necessidade de comer é comum para todo mundo, e algumas atitudes também. Basta querer, e realizar.
Ana pediu para ficar no quarto sozinha por alguns instantes. Jake retornou aos fundos da casa para conversar com o Dragão novamente:
-Bonita noite não? Melhor não tentar alcançar as estrelas, ninguém pode alcançá-las. Queria contar para você a história de um amigo que fiz há muito tempo. Era o Arkani, parecia um leão branco andando de pé e que levava consigo um pêndulo de hipnose feito de barbante e um ímã que provavelmente tinha achado no lixo, que é para onde mandamos tudo o que não nos é mais útil ou está estragado. Arkani foi um grande exemplo de superação para mim, assim como você está sendo. Era muito engraçado vê-lo sério balançando aquele pêndulo na sua cara, e algumas vezes suas peripécias realmente funcionavam. Eu fui hipnotizado por ele uma vez e só me acordei depois de quase duas horas! Para reanimar os hipnotizados ele batia palma três vezes, era muito estranho. Entretanto nunca aprontava e era muito companheiro. As pessoas pensavam que ele era um feiticeiro, um homem mau que fazia misturas de ervas venenosas chamadas poções. Arkani foi perseguido por muitas vezes e sempre conseguiu fugir. Acho que você e ele fariam uma dupla muito legal não acha?
O Dragão fez um gesto positivo ao mesmo tempo em que sorria. Aparentemente gostaria da presença de Arkani, uma criatura tão misteriosa como seus truques hipnóticos e sua aparência imponente. Se Jake pudesse trazer ele para perto do Dragão, poderia resolver dois problemas: evitar que o Dragão se apegue demais, o que seria muito bom e nem tão bom assim, e poder voltar a morar na cidade para melhorar o humor da esposa, que não está mais demonstrando o vigor de outras épocas. Jake ficaria com a consciência livre, pois Arkani era macaco velho em enfrentar situações de alto risco. Não pensava que o Dragão era burro, bem pelo contrário. Mas ele não está acostumado com as potenciais enfermidades do mundo moderno como Arkani já se habituou há muitos anos.
-Vou lhe apresentar a Arkani qualquer dia para conversarem. Acho que vão se dar muito bem e formar uma grande dupla. Bem, vou dar início à montagem do seu tradutor de gestos. Boa noite amigo, durma bem!
Jake ainda passava a mão na cabeça do Dragão quando Ana o chamou para dormir. Ele explicou que começaria naquela hora mesmo a montagem do circuito do aparelho, não aguentaria esperar mais tempo. Uma vez conformada, Ana foi sozinha para o quarto assistir televisão:
-Bem, agora vamos para a parte mais fácil! Vou forrar essa mesa com papelão e começar a montagem.
A soldagem dos componentes era uma etapa crítica que exigia muita concentração para não inverter as ligações das peças no circuito. Jake também colocou sua impressora 3D para funcionar e fabricar as peças plásticas do gabinete para ganhar tempo, pois o processo costuma ser bem demorado. Assim que terminasse de fazer a montagem, mergulharia os objetos impressos em um líquido para lhes dar alta rigidez e pintaria de tinta da mesma cor da carapaça rígida do peito do Dragão, um azul-marinho bem escuro.
Jake poderia ver o Dragão adormecer pela janela que dava nos fundos. Uma pressão constante de mais de 300 quilos atuaria sobre o aparelho, o que poderia causar um certo desconforto semelhante ao de deitar sobre uma pedra. Para contornar a situação, foi posto no entorno da central uma estrutura metálica recheada de espuma. Assim, quando o Dragão se deitar, a central entra para dentro do invólucro metálico porque a espuma que há atrás se comprime e absorve a central sem causar nenhuma sensação estranha.
Jake dispunha de algumas chapas de aço inoxidável, um torneiro manual, um maçarico, lixas e um kit de micro pintura. Criou um rápido projeto, mas o fará no outro dia.
Após soldar todos os componentes, plugou a placa no computador e inseriu os programas e instruções na memória flash, que na verdade era um pen drive improvisado como disco rígido e conectado por uma porta USB. Isso daria total mobilidade e portabilidade para o projeto e custos muito cômodos.
O primeiro teste mostrou- se bastante animador. O computador processou todos os gestos de forma correta e demandou muito pouca energia para funcionar. A alimentação com bancos de capacitores seria mais que suficiente.
Part 9.
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